sexta-feira, 20 de junho de 2014

Asas

Certo dia eu acordei com asas. Mergulhei da janela e pude voar. Senti o vento no meu rosto. Pude o mundo contemplar.

Com estas asas voei pra longe, descobri o infinito. Mergulhei em precipícios, sem medo de me machucar. Agradeci a Deus pelas asas, pelo dom de poder voar.

Eu voava com destino, mas sem saber onde iria chegar. Voava, não ao sabor do vento, voava para poder chegar.

Domei as minhas asas, usei-as para crescer, para ser mais rápido, para me destacar.

As asas tinham muitas utilidades. Já não sabia viver sem. Era um dom que tinha ganhado, mas ao ter asas, fiquei preguiçoso para andar.

Perdi o interesse do que era perto. Pois com asas, muito longe podia chegar.
Mas nem todos querem te ver feliz, muitos não queriam me ver voar. Me achavam uma aberração. Alguém que deviam parar.

Aparar as minhas asas. Era o que eles queriam fazer.

Certo dia me pegaram e fizeram questão de me torturar. Cortaram as minhas asas. Disseram que não poderia mais voar.

Sem asas e ferido. Pude apenas chorar, não confiava em mim. Não conseguia nem voar.

Até que um dia percebi, que as asas eram ilusão. O verdadeiro segredo para voar está no coração.

No parapeito me postei e todos passaram a olhar. "Vejam só aquele maluco, parece que vai se matar".

Apenas deixei meu corpo cair, o vento em meu rosto tocar, e mesmo sem asas físicas,  o sentimento me fez voar.

Libertando as asas do peito e de repente voltando a sonhar.

Mas se antes voava para chegar. Agora isso mudou, sinto vento no meu rosto, mas a vida me ensinou que o motivo para voar é simplesmente sair do chão. Voar apenas por voar.

Aos que tentarem me podar, apenas digo de coração, muitos são os que tem asas, mas poucos são os que tem a imaginação e o amor para sair do chão.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Mar

Suave toque do mar ao formar as ondas.

Ondas que quebram nas pedras ou se perdem no horizonte.

Mar que pouco a pouco alcança meus pés cravados na areia, sentado, apenas contemplando a suavidade dos movimentos, a violência da batida o barulho da água se movendo, a espuma se formando e o cheiro...

Ah o cheiro do mar, que se confunde com a areia molhada ao formar aquele doce aroma, que amo contemplar.

Mar que me acalma, me faz perceber que o movimento da vida é como o movimento das ondas, uma força contínua, que existe independente da nossa vontade, que existe independente da nossa força...

A força das águas incontroláveis trazem vida e destroem o concreto. O aparentemente indestrutível. Ondas quebram pedras, invadem países. Abalam estruturas. 

Ao mesmo tempo em que se tornam adornos em um horizonte praiano, obsessão aos surfistas. Ou simplesmente um calmante para quem observa.

Na imensidão do mar, me perco ao contemplar tamanha beleza. Sou puxado pela maré carregado ao fundo. Levado pelas ondas. E a cada novo movimento, deixo para trás as dores e incertezas, trazendo para as margens apenas o aprendizado e a beleza. No movimento de uma onda. Na imensidão do mar.

E como a areia, sou molhado pouco a pouco, as dores e as incertezas sempre voltam. Bem como a beleza e o aprendizado. Pois tudo faz parte desta imensidão de mar.

Mais uma onda se quebra nas pedras. A água respinga nas minhas pernas. O sol pouco a pouco desce do céu para se perder no fundo do mar, que começa a se incendiar. Pessoas caminham na areia. Mas vejo apenas o mar. Que continua seu movimento infinito. 

Olho para ele mas uma vez, molho meus cabelos com a água salgada e vou embora. Sentindo no meu coração o movimento da maré. 

domingo, 1 de junho de 2014

Estrada

Na estrada o tempo não para
O vento aumenta
Os dias ficam pra trás
Os caminhos se cruzam
As pessoas passam
As mentes se esvaziam
O mar fica longe
A saudade também
Na estrada onde os pés não alcançam
As vidas se calam
O mundo se vai
Fica apenas o cheiro do novo
O novo da vida
O sentimento de surpresa
A vontade de apenas estar
Sem querer chegar
Sem querer voltar
Apenas ir sem destino
Viver sem medo
Caminhar ao infinito
Que é o destino final
Desta estrada sem fim
Chamada de vida