Saudades do cheiro da chuva.
Quando notava a água cair lentamente em pingos longos no muro com limo da casa da minha Bisavó.
As formigas em fila indiana carregando folhas fugiam em louca e desordenada debandada. Folhas caiam do muro, ou eram arrastadas pela água muro abaixo junto com as pequenas formigas que não largavam as folhas.
Isso, aquelas pequenas formiguinhas que se agarravam as folhas eram mortas com a força crueu de um chovisco de verão santista.
O cheiro de chuva aumentava, aos poucos o vento soprava fazendo o sol ficar mais brando naquele dia de verão.
Ouvia a bisa ao fundo gritar para minha avó: "Cida a chuva, tira as roupas do varal".
Eu continuava lá, agachado vendo as formigas. Algumas nadavam e conseguiam sair das enormes gotas, outras eram carregadas.
A união tão decantada destes animais acabava em meio ao caos. Era cada formiga por si.
O cheiro de chuva aumentava e vejo pela janela aquela cabeça cobertura de cabelos brancos, olhos nevados pela catarata, um aspecto de cansaço e glória de quem muito viveu e muito tinha para contar.
"Ivan o que você está fazendo?"
"Vendo as formigas bisa" respondi assustado.
"Então entra antes que o homem do saco te pegue".
Mais rápido e assustado que as formigas corri para dentro de casa. Minha bisa pegou um pote com torradas e comi com ela tomando café com leite.
Muito melhor que ficar preso num saco, como uma formiga na gota.
Espaço livre para um jornalista em plena ebulição de pensamento escrever o que bem entende!
domingo, 20 de outubro de 2013
O cheiro da chuva
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