No Brasil, estar gripado é ser um Dálit! Faça um teste: passe de máscara em um hospital e veja como você abre caminho entre as multidões. Ontem foi a minha vez. Voltei gripado de São Paulo e, como todo bom brasileiro, tentei utilizar o meu plano de saúde (no caso, ele é que precisa de um pronto-socorro). Meu belo cartãozinho da Itálica foi mais recusado do que nome sujo e tive que procurar o bom e velho SUS (bem que sistema poderia ser “cistema”).
Primeiramente passei no CREI (em Deus pai, de minha amada São Vicente, cidade onde me escondo à noite). No digníssimo hospital vicentino, fui informado de que médicos só a partir das 16 horas. Como ainda era meio-dia, resolvi seguir minha peregrinação e parti ao PS Central de Santos (leia-se da Baixada Santista). O susto foi enorme. Mais de mil pessoas se amontoando (só gente bonita e cheirosa), até que o homem da recepção me pergunta:
— O que você tem?
— Acho que é gripe.
Ele, então, com uma cara de nojo, pega uma máscara com a ponta dos dedos e passa pelo cantinho da cabine. Pronto, agora sou um Dálit. Andava e a multidão abria espaço, todos me olhavam e torciam o nariz. Eis que procuro um lugar para sentar, não encontro e, debaixo de minha febre de 39, começo a tossir. Pronto! O banco para o qual eu estava virado ficou vazio. Uma senhora de uns 60 anos parecia a Daiane dos Santos dando mortais. Finalmente fui atendido e, para completar o luxo dessa história, tomei uma injeção nas costas.
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