sábado, 31 de maio de 2008

Educassaum Bazica II (O Retorno) (*)

Vamos todos louvar a educação paulista!

Já estamos evoluindo muito, nossos alunos do ensino público conquistaram em 2007 o título da oitava melhor educação do Brasil. Ótimo resultado! Se fosse no Brasileirão, estaríamos na Copa Sul Americana.

Não, não pense que é brincadeira. O índice da nossa educação foi esplendido! Nossos alunos da 8ª série do Ensino Fundamental conquistaram a impressionante média de 2,54 pontos. Os alunos do 3º ano do Ensino Médio mostraram que não ficam atrás, conquistaram uma média de 1,41 pontos. Vale lembrar que a avaliação é de 0 a 10 pontos.

Fico imaginado nossa menina Educação Pública chegando ao gabinete do excelentíssimo senhor governador do Estado e lhe apresentando o boletim.

- Pai chegou meu boletim...
- Nossa, filha, essa sua nota está um absurdo!
- Puxa, pai, olhe pelo lado positivo! Existem 19 estados mais peores (sic) do que eu...
- É, filha, deixa pra lá...

Deixa pra lá mesmo, o papai está certo! Vamos é comemorar! Afinal, poderia ser pior! Com as condições de ensino que o Estado mais rico da união dá aos seus alunos, fico impressionado com a oitava posição da nossa educação.

Estudei o Ensino Médio numa escola estadual e sei do que estou falando. Infelizmente, muitos são os professores desmotivados e os alunos semi-analfabetos. A estrutura oferecida também não é das melhores. Os prédios de escolas estaduais são, na maioria das vezes vítimas, do descaso e do vandalismo.

O resultado triste do nosso ensino apenas reflete o investimento feito (?) ao longo dos últimos anos. Nossos heróis (digo professores) sabem bem disso e reivindicam aos berros por melhorias no sistema de educação para que nossa menina ainda tenha algum futuro.

Mas, meus queridos amigos leitores, não se aflijam! Pois nosso querido papai (Estado) tem grandes metas para corrigir os erros do passado:

Até 2010, o Estado espera que 41,2% dos estudantes na 4ª série estejam nos níveis "adequado" e "avançado". Na 8ª série, 28,2% em "adequado" e "avançado". No Ensino Médio, 16,6%.

Nosso futuro está garantido!

Investimentos abaixo da média, notas abaixo da média e metas abaixo da média... Teremos um país abaixo da média?

(*) Como todo filme trash merece uma continuação mais trash ainda... Com as crônicas não poderia ser diferente. Também assim economizo minha criatividade para títulos que, percebe-se, é pequena.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Vitória? (*)

Um dos meus personagens preferidos na literatura é o colombiano 'coronel Aureliano Buendia'. O personagem central do livro Cem anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marques é ao mesmo tempo marcado por seu heroísmo de não desistir nunca de uma batalha, como também pelas suas derrotas em todas as 32 das quais participou.
Ao mesmo tempo que podemos afirmar que Buendia não desistia fácil de seus ideais, podemos também dizer que ele foi vencido pela febre incessante da vitória e que a busca constante pela glória, o fez naufragar numa vida sem sentido de batalhas em vão, que culminou com o seu esquecimento pelo povo.

É triste pensar desta forma, mas muitas vezes percebo que as pessoas são sugadas pela ânsia de vencer e esquecem de tudo o que as rodeiam.

Eu mesmo... Desde o início de minha vida (que não é muito longa), tento ser o melhor em algo:
o melhor filho, o melhor na escola, o melhor amigo de alguém, a pessoa que alguém mais ama, o melhor no futebol, no basquete, na sinuca...
No entanto, uma daquelas piadas prontas da vida, sempre tornou esta minha batalha em vão... Nunca fui o melhor em nada destas coisas que enumerei anteriormente... Convivo sim constantemente, com a síndrome da medalha de prata, do vice-campeonato.
Mas o pior disso tudo, é que só agora eu percebi, que a ânsia de vencer me fez perder tudo aquilo que realmente importava (curtir cada momento da vida, por pior ou melhor que ele possa parecer, pois eles não voltam).

Isso já deve estar com uma cara de auto ajuda melodramática! Portanto prometo ser breve em minha conclusão!

Só alcança a vitória aquele que não tem ela como objetivo principal. A voracidade da sociedade tem nos tornado cada vez mais auto-destrutivos e ao continuarmos neste ritmo, vamos conseguir nos destruir.
Até quando nossa vitória vale o sofrimento de outra pessoa?
Quando a vitória se torna algo tão imprecindível que toma o lugar da moralidade?
Até que ponto o prazer momentâneo (no entanto gigantesco) da vitória, vale mais do que a contentação gradual da contemplação?

O lado bom da vida é que a cada dia ela nos oferece uma escolha...
O lado ruim é que independente do que escolhermos conviveremos com a dor da não escolha!

O que nos cabe é escolher de acordo com o nosso objetivo!

* Sei, meus amigos leitores que este é um tema mais do que corriqueiro, mas é algo com o que convivo desde que me conheço por gente, seja pelas minhas conquistas, ou pelos momentos em que ela está tão distante...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Polítia (*)

Existem pessoas que dizem não gostar de política, que não discutem sobre o assunto ou até chegam a ter a pretensão de dizer que são apolíticos. Concordo que cada vez fica mais difícil saber em quem votar nas próximas eleições. É quase como uma formula aritmética: conhecimento dos bastidores + desgosto + indignação = mal-estar, nojo.
No entanto, me revolto a todo instante quando acusam injustamente as pessoas, como é o caso de nossos queridos amigos políticos.

 Não me conformo em pensarem que o dólar estava na cueca por estar escondido! (Na verdade, ele temia os juros e impostos bancários, e resolveu guardar na poupança);
 É triste quando dizem que ele sabia (Se soubesse não faria tanta besteira);
 Não creio quando afirmam que, aquele outro político, estava envolvido no desvio de verba para as casas de lazer noturno para adultos! (A assinatura foi dele... mas ele não leu o que assinou).
 O aluguel de carros não estava superfaturado! (É... que às vezes os vendedores enganam as pessoas).
 Fico indignado quando dizem que privatizou para ganhar algum lucro. (Na verdade foi uma atitude de dividir para ganhar. Todos devem ganhar! Nossa, que bonito!).
 Ele não comprou o voto! (Apenas agradou, por livre e espontânea vontade, a população com algo. Se ficou grato e votou nele, foi uma escolha democrática).
 A retirada das famílias não é por motivos meramente marqueteiros políticos. (Na verdade, as famílias poluem mais que as fábricas na Mata).

Tudo isso nos leva àquela antiga e infeliz campanha:
Vote consciente! (Consciente de que comete um erro independente de sua escolha)

Porém, também vale lembrar que o desrespeito ao povo só ocorre devido à passividade crônica de nossa população, que se deixa enganar por ser cômodo, por não contestar quem está no poder.
Enquanto a pseudodemocracia imperar em terra tupiniquim, os excelentíssimos senhores de terno se revezarão no poder eternamente, oprimindo todo o povo brasileiro.

*Qualquer coincidência entre os fatos mencionados e os políticos brasileiros ou da Baixada Santista é mera semelhança. Novamente volto a afirmar que tudo isso que escrevi é resultado de um distúrbio mental materializado em um momento de grande ansiedade.

sábado, 10 de maio de 2008

Educassão Bazica (*)

Amigo leitor, não se assuste. O título não é um atestado de burrice deste que vos escreve (apesar de já merecer há tempos). É apenas um aperitivo para que você entre no clima da história que será narrada.
Alcebíades era um rapaz de 23 anos que estudava no E. E. Primo Ferreira, em Santos. Era o exemplo perfeito daquele comercial tonto de que o brasileiro não desiste nunca. E ele não desistiu. Pela terceira vez consecutiva, nosso herói cursava o terceiro ano do Ensino Médio. Sim, ele repetia e tentava novamente. Supletivo? Nem pensar! Ele estudava de manhã e trabalhava à tarde.
Justamente naquele ano, uma esperança se acendeu no coração de Alcebíades. Ele tinha sido aprovado em todas as matérias (menos uma). Faltava para ele a prova final de geografia. Mas sua missão não era das mais fáceis. Precisava tirar oito para ser aprovado. É nesta hora que entro na história (não é um ataque repentino de síndrome de ROBERT... eu fiz parte disso!).
Vendo o desespero de meu amigo, que quase chorava no dia de tão nervoso que estava, resolvi ajudá-lo.
- Alcebíades, senta do meu lado, no fundo da sala, que eu te dito todas as respostas.
- Cara, muito obrigado! Obrigado mesmo, estudei a noite inteira, mas tem umas coisas que não entram na minha cabeça.
Foi então que a professora começou a ditar a prova. Respondi a todas as questões rapidamente, e comecei a ditar as respostas para Alcebíades. Nosso amigo respondia rapidamente conforme eu ditava. Eram quatro questões. As três primeiras valiam dois pontos e a quarta valia quatro.
- Ivan, a quarta eu sei fazer.
- Você tem certeza? Se errar a quarta já era.
- Meu amigo, essa eu tiro de letra.
- Mas lembra de, no final da prova deixar um recadinho, que a professora fica com pena. Pede pra ela te ajudar mesmo. Falou, boa sorte!
Foi nesse momento que me deu um frio na espinha e fiquei mais apavorado do que ele. Mas não poderia impedi-lo. Sua confiança era tanta que senti o momento de deixá-lo trabalhar sozinho.
A seguir, segue um relato fiel da questão da prova. Não se assuste, nem ria. Esta é a resposta de um rapaz que passou ao terceiro ano do Ensino Médio no Brasil:

" Faça uma breve explanação a respeito do buraco na camada de ozônio, suas causas e efeitos. Fale também um pouco sobre a questão da Amazônia e seus problemas atuais.

A camada de Osono é cauzada pelos avioins que sobrevoa as nuvem do nosso paíz sem ter uma forma de impedir que o gás saia das turbinas impedindo que os ventos se tampem e impeção a pasagem da luz solar.
Também sei que a fumasa dos homem que fuma se junta a fumasa dos avioins com a fumasa da fabrica a fumasa dos caminhoins a fumasa dos carros a fumasa da maconha a fumasa das cozinha formando uma fumaseira queaumenta a camada de Osono. Os efeito da camada de osono são os canseris que invadem a pele das pessoas que não passam bronzeador.
Já a Amazonia sofre com os mals do trafego de drogas, que vêem dos paízes vizinhos, como o Paraguai e etc. as drogas são entaum vendida pelos índios aos imigrantes da América que levam ela para ser vendida em varias boca, inclusive perto do colégio.

Professora, lembro a senhora que estou me esforsando muito para passar este ano na escola, não sou de fazer zuera na sala e pesso encaressidamente a sua ajuda.

Obrigado, Alcebíades."

Por motivos claros, nosso querido herói provou que é brasileiro e tentou pela quarta vez a sorte no Ensino Médio. Não sei como, mas ele passou na quarta tentativa.

É... hoje ele ostenta um diploma de segundo grau completo.
Há quem diga que Alcebíades tem um sonho: ser um dia presidente do Brasil.
Só posso dizer a ele...Siga em frente meu amigo você está no caminho certo!

*Por mais que lhe pareça absurda, a história a seguir é real. Trata-se de um relato de um momento de minha vida em que pude conhecer a eficácia da educação brasileira. Por questões óbvias (não sei explicar, por isso digo que é obvio), o nome do herói da história está trocado.