sábado, 13 de setembro de 2014

Sanfoneiro

O céu logo escurecia... o dia se tornava noite no Sertão e aos poucos um vento fresco e gostoso trocava de lugar com o calor sufocante.

Seu Ernesto sentado numa cadeira de balanço me viu chegar de longe.

- Sente aqui moço. Messias vá buscar uma cadeira pro rapaz!

Ao me aproximar de seu Ernesto a cadeira já estava lá.

Me balancei na cadeira por alguns minutos. Seu Ernesto entrou em casa e voltou com dois copos de doce de leite.
Dizia que a mulher dele que fez.

Ao comer o doce falávamos sobre a noite no sertão e citei o quanto gostava de ouvir uma sanfona.

- Pois é? Tu gosta mesmo? Pois tenho uma la dentro. E não toco há bem uns dez anos...

Seu Ernesto pegou a sanfona e com um sorriso no rosto e os olhos brilhando começou a tocar.

Dona Eulália a esposa de seu Ernesto apareceu e fechou a cara. Parecia não gostar do que ouvia. Entrou rápido para casa.

O velho olhou para a platéia de apenas uma pessoa e disse em voz baixa:

- A velha fica brava, quando eu tocava chovia de mulher. Ela me fez prometer parar de tocar. Mas você foi a desculpa perfeita para poder tocar de novo!

O velho tocava, os olhos mareavam. Jovem ele voltava a ser e assim tocou a sanfona.

Ao final de cada música batia palmas e aos poucos a frente da casa de seu Ernesto enchia de gente.

Próximo da meia noite, mais de 20 pessoas ouviam dançavam e aplaudiam o velho sanfoneiro! Um senhorzinho com triangulo na mão gritava "Seu Ernesto voltou!"

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